sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Mundo Juventude




Identidade, diversidade e diálogo - Sentidos básicos para a participação dos cristãos em políticas públicas de Juventude.

Desafiado a escrever sobre políticas públicas de juventude na América Latina sem cair no academicismo e correr o risco da redundância ao repartir os números e os conceitos que os livros já interessante que provoque uma reflexão e estabeleça um diálogo com cada jovem ou com pessoas envolvidas no trabalho com as juventudes, resolvi lançar algumas questões que tenho observado na prática. Menciono desde a minha passagem pelo Conselho Nacional de Juventude durante o primeiro mandato (2005-2007), e mais recentemente, desde Buenos Aires, onde morro e trabalho, colaborando com o escritório regional para o Cone Sul da Organização Ibero-Americana de Juventude.

Para isso, são importantes três conceitos que orientam nossas ações e ao mesmo tempo se tornam um desafio para as pessoas que trabalham com políticas públicas de juventude - identidade, diversidade e diálogo. Sem querer esgotar os sentidos de cada organização envolvida com juventude passa inicial e necessariamente por essas três perspectivas.

Por quê? Primeiro, porque os grupos e movimentos de jovens que melhor conseguem uma incidência pública são os que articulam de forma transparente o ser teológico com o ser político e por isso também são respeitados. Alguns exemplos são a participação de vários grupos evangélicos de jovens no Conselho nacional de Juventude, no Brasil; a elaboração do Plano nacional de Juventude, no Uruguai; a presença dos jovens na nova constituição, no Equador e o firme diálogo de algumas igrejas e juventude com o governo da Bolívia. Podemos destacar a recente Semana de Advocacy das Nações Unidas 2009, realizada em Nova York, impulsionada pelo Conselho Mundial de Igrejas, da qual participa a Federação Universal de Movimentos Estudantis Cristãos, com o enfoque nos conflitos armados na Colômbia.

Quem? É preciso reconhecer a diversidade da juventude e ao mesmo tempo a recorrente banalização conceitual, como "jovens evangélicos", "jovens pentecostais", "jovens universitários", "jovens católicos", "jovens indígenas". A lista das etiquetas sociais é grande e não ajuda em nada persistir nessas aproximações que são carregadas de preconceito e implicam certos tipos de abordagens distantes da realidade. Se queremos trabalhar pelas políticas públicas, por educação de qualidade, por saúde, por trabalho etc., estejamos preparados para encontar grupos que militam em partidos, movimentos por direitos sexuais, culturais, indígenas, afro descendentes e de outras crenças religiosas. Não obstantes, encontramos tal heterogeneidade nos espaços das próprias igrejas, nas comunidades religiosas, no trabalho, na faculdade, na escola e em casa. Os melhores exemplos de integração de grupos tão diferentes são as temáticas específicas que convocam, por exemplo, o combate à violência, a luta pelo meio ambiente, o trabalho decente, a superação da pobreza. O fruto tem sabor quando os grupos conseguem romper o corporativismo eclesial e institucional e trabalham juntos. Lembro-me, em certa ocasião, em Brasília, quando lutávamos por mais espaço para organizações de jovens evangélicos no Conselho Nacional de Juventude, foi justamente um militante do movimento GLBTT que votou favorável.

Como? O diálogo é inevitável. é necessário ser realizado de forma horizontal, reconhecendo o outro como ator importante no processo. A atualidade das políticas públicas de juventude tem exigido dos grupos e redes de jovens uma organicidade levada muito a sério, pois tem demandado uma intensa mobilização em temas importantes, como o Estatuto da Juventude, no caso do Brasil. De forma mais ou menos avançada, os países da região encontram-se numa fase de incorporação de leis de juventude, criação de conselhos, assinatura e ratificação de acordos e tratados internacionais, como é o caso da Convenção Ibero-Americana de Direitos dos jovens, sendo que República Dominicana, Equador, Costa Rica, Honduras, Espanha, Bolívia e uruguai já ratificaram. Os países que já assinaram e ainda não ratificaram são Cuba, Guatemala, méxico, Nicarágua, panamá, paraguai, Peru, Portugal e Venezuela. Além de exigir uma nova institucionalidade e interestorialidade para as políticas públicas de juventude, as conquistas ocorrerão na medida em que mais jovens no sábado à noite, o desafio de participar no desenho das leis, programas e políticas dirigidas à juventude na sua pluralidade.

  • por Thiago machado silva, 26 anos, é mineiro e mora em Buenos Aires. faz mestrado em relações e negociações internacionais, é jornalista e trabalha com o escritório regional para o Cone Sul da organização Ibero-Americana de Juventude (OIJ).

Fonte: Editora Ultimato

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