A Ordem de Santa Clara é uma Família Religiosa fundada por São Francisco e Santa Clara de Assis. Dentro da grande Família Franciscana as Irmãs Clarissas são o ramo orante, contemplativo. Sua consagração a Deus está voltada para o silêncio, para a busca da intimidade com Deus! É o seu modo de servir a Igreja e aos irmãos.
LOUVANDO
Antes que o sol desponte, as Clarissas estão cantando os louvores de Deus: são as Laudes, a oração oficial da Igreja, após as Matinas. Depois, durante o dia muitas vezes se reúnem novamente para continuar esta oração tão bela dos Salmos e cantos que têm o significativo nome de Ofício Divino.é o ofício-trabalho de Deus que as Clarissas empregam.
MEDITANDO
Na vocação contemplativa um espaço maior é dado à Meditação. Cada Irmã Clarissa é formada para buscar o encontro com Deus. Às vezes numa partilha com as outras: quase sempre sozinha, sempre centrada na Palavra de Deus ou nos Escritos de Santa Clara e de São Francisco.
ADORANDO
Por vocação as Clarissas são adoradoras de Deus na Eucaristia. Jesus Eucarístico é como o sol na vida de uma Irmã Clarissa.
Por assim dizer, as Clarissas, de manhã à noite giram em torno D’Ele! Iluminadas pela Eucaristia é que começam e terminam seu dia.
TRABALHANDO
Para uma Irmã Clarissa trabalhar é uma graça de Deus. Fazem todos os trabalhos simples e humildes da casa, da horta e do jardim e além de outros: confecção de hóstias, paramentos, cartões, imagens, etc.
Se o trabalho se tornou um peso para a maioria das pessoas, não foi assim no plano de Deus.
Santa Clara pede que as Irmãs exerçam a graça do trabalho com fidelidade e devoção, sem perder o espírito de oração.
POBRES “Como peregrinas e forasteiras neste mundo” as Irmãs Clarissas seguem a Cristo pobre sem nada possuir, sem nada reter.
“Com passo ligeiro e pé seguro”, buscam o sentido último da existência: a experiência do novo céu e da nova terra onde tudo é de todos.
CLAUSURA
As Clarissas vivem na clausura. É o jardim fechado, onde escolheram viver a experiência de seu amor exclusivo, esponsal com Cristo. Clausura não é fechamento, mas abertura para o infinito. Não é separação, mas comunhão maior com Aquele e n’Aquele que está presente em tudo e em todos.
IRMÃS
Ser irmã é a mais bela experiência de ser Clarissa. Unidas no amor de Deus que Jesus nos ensinou a chamar de Pai. Na bela espiritualidade de São Francisco e Santa Clara que descobriram na Fraternidade o meio de estar em comunhão com todo o universo, em especial com aqueles e aquelas que são chamadas à mesma vocação.
ONDE ESTÃO
As Irmãs Clarissas estão no mundo inteiro. São mais de 20.000 em quase mil Mosteiros unidas pelo mesmo ideal, pela mesma Forma de Vida.
Aqui no Brasil são 20 Mosteiros.
Quando Santa Clara morreu, a Ordem iniciada por ela já havia se espalhado por terras bem distantes. Só documentados, sabemos de uns cem Mosteiros de fundação ou inspiração no ideal de Santa Clara de Assis, na Itália, França, Alemanha, Boêmia, Espanha e Oriente. Praticamente, os Mosteiros não possuíam uma denominação única, pois alguns as chamavam de Irmãs Pobres Reclusas, por viverem na clausura; outros as chamavam de Damianitas, devido ao fato de terem tido origem no Mosteiro de São Damião, onde residiam Clara e suas primeiras discípulas; outras vezes, eram denominadas Irmãs Menores, em paralelo com os Frades Menores. São Francisco, no seu espírito cavalheiresco, as chamava de Damas Pobres ou Pobres Damas. Santa Clara, na sua Forma de Vida, simplesmente as chama de Irmãs Pobres.
Após a morte de Santa Clara, o Papa Urbano IV quis unificar as denominações e determinou que todos os Mosteiros se chamassem da Ordem de Santa Clara – OSC. Passaram a ser chamadas popularmente de Irmãs Clarissas, nome que atualmente ainda perdura e as identifica.
O QUE FAZEM AS CLARISSAS?
Freqüentemente alguns perguntam, ou por simples curiosidade, às vezes num tom de desafio, e muitos por sincero interesse, amizade e desejo de conhecer melhor suas Irmãs Clarissas: “Irmãs, o que é que vocês fazem?” talvez haja na pergunta ou na resposta alguma ambigüidade, pois fazer e ser misturam-se muitas vezes.
Respondemos humildemente: “Somos contemplativas”. Nossa missão na Igreja é ser orante. Grande parte do dia e algumas horas da noite estamos em nosso porto de sentinelas vigilantes, na contemplação silenciosa de nosso grande Deus, na adoração amorosa a Jesus Sacramentado exposto em nossa Capela, no canto coral do Ofício Divino ou Liturgia das Horas, integralmente rezado, e na Celebração Eucarística diária. Sempre em súplica intercessora junto de Deus.
É isto que esperam de nós as muitas pessoas que vêm até o Mosteiro, pedindo para rezar nas mais variadas intenções possíveis.
E o Mosteiro das Clarissas se torna um coração aberto para toda as lutas, alegrias, vitórias e sofrimentos que atingem a humanidade. Hás sempre uma irmã disponível para atender, ouvir e dar a certeza de que todos os problemas, anseios e dores são levados a Deus em forma de prece.
Além dessa vida de oração propriamente dita, continuamos a oração da vida: o trabalho. Este, preferentemente manual, de modo a deixar a mente e o coração livres para mais facilmente estar em Deus. Os trabalhos são muito diversificados. Dentro de nossas possibilidades, de acordo com as necessidades da comunidade eclesial que integramos.
Confeccionamos paramentos sacros, túnicas e estolas litúrgicas e demais alfaias para o culto divino. Gostamos deste trabalho, muito de acordo com nossa vocação contemplativa. É lindo pensar que em tantos altares, muitíssimos sacerdotes e outros ministros celebram a Palavra, a Eucaristia, os Sacramentos, usando trabalhos que ocultamente fizemos para a glória de Deus, num ato de amor, de adoração e súplica, para que o Reino de Deus chegue ao coração de todos os homens.
Há também o trabalho junto à natureza, na horta e no jardim, identificando-nos com tantos de nossos irmãos, que colaboram com Deus no sustento próprio e dos outros.
Trabalhamos com cartões com mensagens de paz, harmonia e esperança. Há também trabalhos de artesanato: modelagem em gesso e pintura de imagens, confecção e decoração de velas. Existem ainda os trabalhos domésticos, feitos quanto possível, por todas as irmãs em familiar solidariedade. No Mosteiro, o problema não é o que fazer, mas como dar conta de tantas coisas a serem feitas. Santa Clara deixou em sua Forma de Vida a norma de trabalhar, para uma Clarissas: “As irmãs a quem Deus deu a graça de trabalhar, trabalhem sem perder o espírito de santa oração e devoção, ao qual devem subordinar-se toas as coisas.”
COMO SE CHEGA A SER CLARISSA?
Quando uma jovem se sente interpelada por Deus na sua escolha de vida, surgem muitas perguntas. É sempre assim. A gente quer saber tudo. Tanto para si, como para explicar aos outros a nossa opção de vida. Será que tenho mesmo vocação? O primeiro sinal de vocação está no querer: “Eu quero ser Clarissa”. Ou mesmo: “Estou querendo ser Clarissa”, para isso exige-se algumas qualidades consideradas indispensáveis.
Quais são as qualidades ou aptidões para ser Clarissa?
Alegria, espírito de fraternidade e de serviço, que são características marcantemente franciscanas clarianas. Gosto pela oração. É imprescindível sentir-se bem em estar com Deus, na oração silenciosa ou comunitária. A oração é a essência da vida contemplativa clariana. Saúde física e equilíbrio psíquico. A idade vai a partir dos dezessete anos. Tudo isso, envolvido num grande amor a Jesus, no desejo ardente de entregar-se a Ele, pela causa do seu Reino, na conquista do coração de todas as pessoas, nossos irmãos e irmãs, para Deus.
Qual o primeiro passo a ser dado para ser Clarissa?
Candidata: A jovem vocacionada que mantém contato com nosso Mosteiro, até o ingresso. É uma fase importante de discernimento, em que terá um acompanhamento vocacional. A jovem pode escrever, telefonar, ou visitar o Mosteiro. Esse tempo perdura quanto for necessário, e a jovem não tem nenhum compromisso com o Mosteiro, pois está discernindo a vocação.
Postulante: o Postulantado marca o tempo de preparação para o início da vida religiosa clariana, e tem a duração de um ano, em geral. Pode ser prolongado, se for necessário.
Noviça: Concluído o tempo de Postulantado, numa cerimônia familiar, a jovem recebe o hábito clariano marrom. Inicia o Noviciado, que é um tempo de aprofundamento na espiritualidade e no ideal abraçado, e uma preparação mais intensa para a Profissão dos Votos na Ordem de Santa Clara.
Profissão temporária (Juniorista): Terminado o Noviciado, que dura dois anos (e pode ser prolongado por algum tempo), a noviça, com plena liberdade, fará os Votos Temporários de Castidade, Pobreza e obediência, vivendo em clausura, por três anos. Este período de Juniorato poderá ser prolongado por mais três anos.
Profissão Perpétua de Votos Solenes: Enfim, chega a última etapa. Com este período a irmã é integrada definitivamente na Ordem de Santa Clara, prometendo perpétua fidelidade como resposta ao amor incondicional de Deus.
São estas as etapas iniciais, na bela caminhada que inúmeras jovens e mulheres empreenderam antes de nós. As irmãs que ingressam num mosteiro clariano permanecem em geral, até o fim de suas vidas no mesmo Mosteiro. Somente partem para outro, no caso de realização de uma nova fundação, ou de prestar auxílio em outro Mosteiro.