sábado, 10 de dezembro de 2011
O Advento com S. Francisco
“Deus, disse São Francisco, é Trindade e Unidade, Pai e Filho e Espírito Santo, criador de todas as coisas e salvador de todos os que nele creem, esperam e o amam... sem início e sem fim, imutável, invisível, inenarrável, inefável, incompreensível, insondável...”.
Deus é mistério...! Este mistério é revelado a nós pelo Verbo que se fez carne: o Pai enviou-nos o Filho e o Espírito Santo. O Verbo, encarnado no seio da Virgem Mãe é Jesus, o Senhor.
No Ano litúrgico, a Igreja (nascida do lado aberto de Jesus e, por isso, sua esposa) apresenta a vida de Jesus nos seus mistérios. Jesus que nasce; Jesus que anuncia o Reino; Jesus que assume todos os males e a morte no seu sacrifício, revelação suprema de Deus – Amor; Jesus que ressuscita e que se manifestará na sua glória, dando glória ao Pai.
Deus, diz São Francisco, “é Salvador de todos os que nele creem, esperam e o amam...” É Salvador: Ele nos envia o seu Filho para que nós, criaturas humanas, possamos conhecê-lo e receber a força do Espírito Santo para agir segundo seu exemplo e sermos reconhecidos por Ele como filhos.
O Ano litúrgico é, portanto, a vida de Jesus oferecida à nossa reflexão e oração para que possamos assimilá-la, torná-la nossa até Cristo viver em nós.
O Ano litúrgico começa pelo Advento: “ad- venio”: é Deus que vem ao nosso encontro... O Advento é preparação ao Natal... Depois de ter evidenciado estas verdades, será que podemos viver o Advento pensando somente em preparar o presépio, as luzes, músicas e presentes, ou antes, empenharmo-nos no conhecimento maior deste mistério, na vivência das virtudes cristãs, numa vida mais coerente com a nossa Fé?
A Vida de Francisco de Assis foi todo desejo ardente de identificar-se ao Cristo.
Um século antes São Bernardo de Claraval tinha comentado que Jesus veio uma primeira vez na fraqueza da carne e virá certamente uma terceira vez em todo esplendor de sua glória, mas há uma vinda intermediária na qual manifesta o poder da sua graça e dá aos que nele creem repouso e consolação. Ela é oculta, é uma vinda espiritual e a recebe quem teme a Deus e faz o bem (Eclo 15,1), quem O ama e guarda a sua Palavra (cf. Jo 14,23), quem a conserva no coração para não pecar (Sl 118,11).
Graças a “essa vinda” diz São Bernardo, “refletiremos a imagem do homem celeste” (1Cor. 15,49).
Precisamos então desejar sua vinda, sua presença, vigiando. Quem vigia recusa a superficialidade e vai ao profundo dos fatos para descobrir a vinda do Senhor e, se tiver espírito missionário, descobri-la também nos encontros com os outros. Somente o Senhor Jesus pode dar a paz e reunir os homens que o egoísmo divide, começando pelas famílias, fundamento tão necessário para uma sociedade sadia.
O tempo da “vinda intermediária” é o tempo da vigilância, da conversão, “um tempo humano já carregado do tempo de Deus”.
Tempo para adquirir um coração de pobre, vazio de si, capaz de usar caridade afável e paciente para com os outros, aberto a todas as iniciativas do bem, testemunhando a alegria que nos trás Jesus Salvador.
Ir. Maria Bernarda de Cristo Rei, Cl. Capuchinha
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